Abril é mês de festa no Distrito Federal. Brasília completa 65 anos e, mesmo sendo uma das capitais mais jovens do mundo, já guarda uma história rica, marcada por pioneirismo e identidade cultural única. Para celebrar a data, espaços de memória espalhados pelo DF promovem exposições, eventos e ações que valorizam o legado dos que ajudaram a construir a cidade.
Desde museus como o Memorial JK e o Museu Vivo da Memória Candanga até o Arquivo Público do DF, que conserva milhões de documentos históricos, os brasilienses encontram diversas formas de revisitar o passado da capital.
Arquivo Público: guardião da história oficial de Brasília
O Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) é uma das instituições responsáveis por preservar a trajetória de Brasília. Com cerca de 4,5 milhões de documentos, a instituição abriga registros oficiais e particulares, como textos, fotos, plantas, mapas e vídeos sobre a construção e o desenvolvimento da cidade.
A memória local também ganha projeção internacional. Uma parceria entre o ArPDF e a Casa da Arquitectura de Portugal está permitindo a digitalização e compartilhamento do acervo do urbanista Lúcio Costa, criador do Plano Piloto. O objetivo é facilitar o acesso a materiais históricos por pesquisadores e interessados em urbanismo e patrimônio cultural.
Segundo o superintendente Adalberto Scigliano, “qualquer registro, em qualquer formato, é essencial para montar o quebra-cabeça da história de Brasília”. Isso inclui desde grandes nomes como Lúcio Costa até documentos de pioneiros que chegaram antes mesmo da inauguração oficial.
Museu da Memória Candanga: história operária e feminina
Um dos espaços mais simbólicos para entender a gênese da cidade é o Museu Vivo da Memória Candanga, que funcionava como hospital para os operários das obras de Brasília. Inaugurado ainda nos anos 1950, o local era composto por 23 prédios de madeira e prestava atendimentos emergenciais, incluindo partos.
Hoje, o museu resgata não só a contribuição dos trabalhadores, mas também o papel das mulheres na formação da cidade. A gerente Eliane Falcão destaca que histórias como a de Marilda Porto, esposa do primeiro diretor do hospital, ainda emocionam quem visita o espaço.
Neste mês de abril, em comemoração aos 65 anos da cidade, o museu recebe uma nova exposição com 140 fotos coloridas da década de 1970, do acervo de Joaquim Paiva, que ficará aberta por dois meses.
Catetinho: a simplicidade do poder
Outra parada obrigatória é o Museu do Catetinho, a primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek em Brasília. Projetado por Oscar Niemeyer e construído em apenas 10 dias, o prédio de madeira ficou conhecido como “Palácio das Tábuas”.

Preservado com móveis e objetos da época, o Catetinho oferece uma imersão na rotina do presidente visionário que decidiu tirar o Brasil do litoral e levá-lo ao coração do Cerrado.
Memorial JK: legado de um sonho realizado
O Memorial JK talvez seja o espaço mais emblemático da história política e simbólica da capital. Criado para homenagear o ex-presidente Juscelino Kubitschek, o local abriga um acervo com mais de 16 mil itens, entre documentos, roupas, fotografias, livros e objetos pessoais.
Logo na entrada, os visitantes se deparam com uma estrutura imponente, também assinada por Niemeyer. No interior, o museu conduz o público por momentos marcantes da vida de JK, sua atuação como médico, político e estadista.
De acordo com André Octavio Kubitschek, vice-presidente do memorial, “JK foi um homem que cumpriu o que prometeu. O museu ajuda a compreender o Brasil moderno a partir do sonho de ‘50 anos em 5’”.
O espaço recebe cerca de 40 mil visitantes por ano, metade deles estudantes da rede pública, levados pelo programa Museu-Escola. Os demais são turistas e pesquisadores interessados na história de Brasília.
Visitar para lembrar
Brasília foi criada para ser símbolo de um novo tempo para o país. Passados 65 anos, o sonho de JK, Lúcio Costa e Niemeyer segue vivo nos arquivos, fotos, relatos e museus do Distrito Federal. Visitar esses espaços é mais do que celebrar um aniversário — é manter acesa a chama da memória coletiva que construiu a capital de todos os brasileiros.