Imagine a tensão palpável de Hell’s Kitchen sendo recriada em duas eras distintas do streaming: primeiro, sob o olhar cru e sem concessões da Netflix, e agora, revitalizada pelo brilho técnico e narrativo do Universo Cinematográfico Marvel no Disney+.
A empolgante jornada de Matt Murdock, o Demolidor, ganhou nova vida na plataforma da Disney+, oferecendo cenas de ação mais estilizadas e uma integração sem precedentes com outros titãs do universo Marvel.
Mas como essa reimaginação se compara ao tom livre e investigativo que conquistou fãs ao longo de três temporadas na Netflix?
Na antiga série da Netflix, lançada entre 2015 e 2018, assistimos a um vigilante implacável que enfrentava não apenas criminosos de rua, mas também os demônios internos que o assombravam, em uma atmosfera noir marcada por sua violência gráfica e ritmo deliberado.
Já a produção da Disney+, estreada em 2025, aposta em uma abordagem menos visceral, porém mais conectada a uma teia maior de histórias, onde cada movimento de câmera ecoa a assinatura do UCM.
Com valores de produção elevados, o novo Demolidor exibe coreografias de luta mais polidas e cenários que respiram grandiosidade, ao passo que o clássico da Netflix conquistou seu lugar graças ao realismo cru e à profundidade de personagens como Fisk, vivido magistralmente por Vincent D’Onofrio.
Neste comparativo, vamos dissecar como cada série balança entre fidelidade ao espírito do herói e atrelamento à ambição de seus respectivos universos televisivos — e, claro, qual delas entrega a experiência definitiva para os fãs de quadrinhos e cineastas de plantão.Pensou por um segundo
Eu, particularmente, gostei bastante da nova série do Demolidor na Disney+, especialmente por conseguir atualizar o personagem e o universo de forma mais coesa dentro do UCM (Universo Cinematográfico Marvel). Eis alguns pontos de comparação com a antiga série da Netflix:
- Tom e atmosfera
- Netflix: Era mais soturna, com uma pegada noir e bem “crua”. Cenas de violência eram longas e gráficas, focando no aspecto brutal das lutas urbanas.
- Disney+: Mantém o ambiente urbano escuro, mas com um toque mais polido — inclusive na coreografia de ação. A ultraviolência ainda aparece, mas é menos explorada de forma tão gráfica e mais estilizada, para encaixar no padrão geral do UCM.
- Narração e estrutura
- Netflix: Cada temporada era quase uma minissérie autônoma, com arcos fechados de investigação, aprofundamento de personagens coadjuvantes (Stick, Elektra, Punho de Ferro etc.) e ritmo mais cadenciado.
- Disney+: Apostou em episódios mais dinâmicos e conectados diretamente ao calendário de lançamentos da Marvel, jogando pistas para outros heróis (como a participação da personagem Echo). A trama avança de modo mais enxuto, às vezes sacrificando o desenvolvimento de personagens secundários.
- Personagens e elenco
- Charlie Cox retorna brilhantemente, com sua interpretação marcada de Matt Murdock. No entanto, alguns rostos novos (principalmente antagonistas) no Disney+ não têm o mesmo impacto que Wilson Fisk do Vincent D’Onofrio, cuja vilania era um dos grandes destaques da Netflix.
- A inserção de novos personagens do universo Marvel ampliou o escopo, mas deixou menos espaço para antagonistas originais e núcleos locais de Hell’s Kitchen.
- Conexão com o UCM
- Netflix: Era “quase” isolada — referências ao restante do universo Marvel existiam, mas era raro vermos isso impactar diretamente a narrativa.
- Disney+: A série funciona como parte integrante do UCM. Isso garante ligações mais fortes com filmes e séries (por exemplo, o caso do “Regresso do Rei do Crime” ligado à trama do Echo), mas também amarra o Demolidor a obrigatoriedades de continuidade externa.
- Produção e valores de cena
- A produção da Disney+ em geral teve orçamento maior, resultando em cenas de luta mais bem iluminadas e filmadas, cenários mais detalhados e efeitos visuais mais polidos. A Netflix tinha um charme “indie” que combinava com o clima de vigilante solitário, mas patinava em alguns pontos de produção.
Veredito
Se você era fã da ambiência sombria e das tramas profundas da Netflix, pode sentir falta daquela pegada mais crua e investigativa. Por outro lado, a série do Disney+ traz um Demolidor mais integrado ao universo maior, com um ritmo mais ágil e produção mais vistosa.
Pessoalmente, acho as duas versões complementares: a Netflix definiu o tom do herói urbano, e a Disney+ ampliou suas conexões, entregando uma experiência mais “Marvel” sem perder totalmente a escuridão original.
A próxima temporada poderá introduzir os Defensores no UCM. Essa é minha expectativa.