Esse é um artigo de Opinião que reflete a visão do seu autor.
A Sociedade Esportiva do Gama iniciou sua temporada 2025 em grande estilo, celebrando 49 anos de história no dia 15 de novembro de 2024. O presidente Wendel Lopes e o diretor de futebol Zuza Falcão apresentaram os planos para o futuro do clube, incluindo a chegada do novo técnico, as primeiras contratações, o lançamento das novas camisas e o reforço do programa de sócio-torcedor. A torcida, sempre presente, garantiu a atmosfera de festa no Ninho do Periquito.
Planejamento e Replanejamento: Altos e Baixos da Temporada
Sob o comando de Glauber Ramos, técnico gamense com experiência nacional, o time começou os treinos ainda em dezembro. A estreia na temporada ocorreu em 18 de janeiro, com um empate em 0x0 contra o Sobradinho. O Gama então conquistou cinco vitórias consecutivas contra Legião, Ceilandense, Paranoá, Samambaia e Real Brasília, mantendo a baliza intacta até a derrota para o Ceilândia.
Apesar do bom desempenho inicial, a diretoria optou por demitir Glauber Ramos após derrotas para Ceilândia e Brasiliense, uma decisão polêmica, já que o técnico tinha um aproveitamento de 66% e identificação com o clube. Em entrevista, Glauber lamentou a saída, destacando que os erros individuais dos jogadores pesaram mais do que a tática.

Em entrevista, o técnico disse: “Saio chateado, pois tenho 68,75% de aproveitamento. Perdemos para o atual campeão e, inclusive, jogamos melhor do que eles (Ceilândia, na sétima rodada). Agora, perdi o clássico em dois erros individuais, que caíram na minha conta. Faz parte”, lamentou.
Concordo com absolutamente tudo!
Para quem não lembra, o primeiro Gol iniciou com vacilo do volante Moisés, numa decisão errada do Zagueiro Pedro Romano e no pênalti cometido por Renan Rinaldi. Uma sucessão de erros. O segundo gol no fim do jogo saiu de um lateral bisonho cobrado pelo lateral Michel. Na minha humilde, não existe tática no mundo que não seja desmoronada pelo erro individual.
Além disso, aposentou compulsoriamente um dos seus maiores ídolos recentes, o atacante Nunes. Outro que também teve o contrato rescindido foi o atacante Marcelo Toscano, que veio como esperança de gols, mas sequer chutou ao gol.
Os bastidores nunca vamos saber. Mas com as variáveis que tenho e fazendo conjecturas com o que está cinzento, como produto dessa equação atribuo a um erro de planejamento e uma irresponsabilidade sem tamanho tomar tal curso de ação. Quero muitíssimo estar errado e o futuro vai nos dizer.
A Chegada de Luiz Carlos Souza e as Novas Contratações
Para substituir Glauber, o Gama contratou Luiz Carlos Souza, que teve apenas duas semanas para preparar o time para o jogo contra o Capital, terminado em 0x0. Além disso, o clube reforçou o ataque com Luan (ex-Palmeiras e Cruzeiro), Jhonatan Caicedo (ex-Real Santa Cruz) e DG (ex-Noroeste). A expectativa é que esses reforços ajudem a equipe a se recuperar na competição.
Classificação na Marra e Estratégias Comerciais e de Marketing
O Gama se classificou para as semifinais após um empate com o Capital, em um jogo que contou com uma promoção de ingressos a R$ 10 e entrada gratuita para mulheres vestindo a camisa do clube. Essa estratégia, além de aumentar o público, gerou mais receita com vendas de alimentos e bebidas.
Esse é um ponto de discussão entre os torcedores, tanto a organizada, quanto os populares. O discurso falido de “não se faz futebol com R$ 10” é o que mais prejudica a receita do time. Vamos fazer uma breve reflexão:
- Ninguém gosta de ir ao estádio sozinho;
- Se for pelo menos duas pessoas, os R$10 viram R$20;
- Mais pessoas no estádio, mais consumos de bebidas e comidas;
- Mais pessoas no estádio, mais apoio da arquibancada;
- Mais pessoas no estádio, mais visibilidade para empresas patrocinadores;
- Mais pessoas no estádio, melhor atmosfera para os jogadores;
- Bilheteria + bares + ações com patrocinadores no pré-jogo = mais receita.
É um ecossistema que se retroalimenta e garante cada vez mais receita para se investida em futebol. E se o Comercial do Gama funcionasse como deveria ser, teria uma banca nas dependências internas do estádio para vender camisas, sócio torcedor, copo, chaveiro, adesivo e mais uma infinidade de coisas as quais a apaixonada torcida compraria num piscar de olhos.
Sem contar que todo empresariado local se beneficia em dia de jogos do Gama, pois vendem mais devido ao fluxo de pessoas que o time leva aos arredores estádio. Promover parcerias com essas empresas seria uma forma ímpar de monetizar seus jogos e melhorar o caixa do clube.

Se o comercial do Gama saísse da cadeira e descesse do pedestal, poderia procurar os empresários da cidade, desde o nano ao megaempresário, promover parcerias para oferecer de benefícios no seu programa de sócio torcedor, ao mesmo tempo em que divulga a aquisição de novos sócios também.
Marketing é vendas. O trabalho de social media do Gama é muito bem-feito, mas isso não reflete em vendas. Tem que promover e buscar receitas a todo tempo. Inflar a camisa de patrocínio e saber monetizar a paixão do torcedor. Fazendo isso, ingresso a R$ 5 não vai fazer falta aos cofres do time.
É inaceitável um time com a envergadura do Gama não ter calendário, ficar ano após ano acumulando dívidas e aumentando o passivo trabalhista. O pior de tudo isso é ver times com a metade da receita do Gama chegando nas decisões e tendo calendário a temporada toda, enquanto o time que deveria ser hegemônico continua sem calendário.
Não tem no Distrito Federal um time com camisa no valor de R$ 280 e com fluxo alto de vendas. Do mesmo modo, não tem um time que venda mais ingressos que o Gama. E tem mais, todos os públicos somados nas rodadas, não dá o público que o Gama colocou no Bezerrão.
Vou usar o Capital como exemplo. O site do clube tem o link para comprar os ingressos para os jogos. Tem o link para se tornar sócio torcedor e tem tudo o que o site do Gama não tem. Além disso, a equipe está “construindo a sua torcida”, vendendo ingressos a R$20 e dando uma camisa ou uma bandeira. O objetivo deles é muito simples: fazer a marca alcançar mais pessoas.
Ao invés de carro de som e faixas espelhadas pela cidade, o Capital investe em mídia paga e seus torcedores recebem em seus smartphones (na palma da mão) a propaganda dos jogos e compram um ingresso com uma comodidade bem maior. Isso certamente contribui para alto número de ingressos vendidos pelo time. Isso é marketing!
A diretoria precisa entender que um estádio cheio beneficia não apenas o time em campo, mas também o caixa do clube. Parcerias com empresários locais e uma gestão mais eficiente do programa de sócio-torcedor podem fortalecer ainda mais as finanças do Gama.
Gestão do Programa de Sócio-Torcedor: Oportunidades Perdidas
O programa de sócio-torcedor, lançado no final de 2024, enfrentou problemas de migração dos antigos sócios, gerando insatisfação. Em anos anteriores, a terceirização do programa para empresas como a DataClick pareceu não funcionar a contento.
Na minha visão, o programa de sócios, que deveria ser uma fonte de renda extra e um alicerce para o futebol do clube, acaba se transformando numa daquelas “promessas de governo”: todo ano, lá para novembro, no aniversário do Gama, surge um novo programa, enquanto o anterior é deixado de lado. E, sinceramente? Não me surpreenderia nem um pouco se, no final desta temporada, a diretoria aparecesse com mais um “novo” programa de sócios, como se fosse a solução mágica para todos os problemas.
Na minha humilde opinião, o caminho seria fortalecer o programa com parcerias locais. Imagine só: os sócios terem benefícios reais o ano inteiro, como descontos em estabelecimentos da cidade, acesso a eventos exclusivos ou até mesmo vantagens em serviços. Isso não só aumentaria o engajamento, mas também reduziria os índices de cancelamento e inadimplência.
Afinal, quem não gosta de se sentir valorizado? O programa de sócios tem potencial para ser muito mais do que uma simples “campanha de novembro”. Ele poderia ser a ponte que conecta o clube à comunidade, gerando uma relação de benefício mútuo. Mas, para isso, é preciso vontade e planejamento — duas coisas que, infelizmente, parecem faltar na gestão atual. Para reverter essa situação, o clube deve buscar parcerias locais que ofereçam benefícios reais aos sócios, reduzindo cancelamentos e inadimplências.
O Cinquentenário do Gama: Um Marco a Ser Celebrado
No dia 15 de novembro de 2025 o Gama completará 50 anos de história. Foram muitas vitórias e glórias dessa pujança. Então, sem pressão.
Para que o Gama tenha um cinquentenário decente, é importante superar o seu principal rival, o Brasiliense, e chegar ao menos na final. Com isso, a equipe garante vaga na Série D e na Copa do Brasil.
Ei diretoria do Gama, coloque entrada franca, faça promoção de camisas, levem o Menos é Mais… enfim, façam o possível para lotar aquele estádio no próximo sábado. Tem muita coisa em jogo.
O primeiro jogo da semifinal vai ser no Bezerrão no próximo sábado. A torcida, como de praxe, vai fazer a sua parte. Recepção, acompanhamento do ônibus, presença massiva no estádio e apoio incondicional durante os 90 minutos. O elenco precisa saber o que está em jogo e precisa ter consciência de sua importância para a história do clube.
O planejamento não “funcionou”, então o replanejamento vai ter que funcionar. Pois, passar o cinquentenário sem calendário vai ser a cereja do bolo de uma tragédia anunciada.
Mas como eu disse, espero estar errado!
O Futuro do Gama Depende de Ações Eficazes
O Gama tem tudo para ser hegemônico no Distrito Federal, mas precisa de uma gestão eficiente e planejada. Promoções de ingressos, parcerias com empresários locais e uma gestão transparente do programa de sócio-torcedor são passos essenciais para garantir um futuro promissor.
O cinquentenário do clube pode ser um marco de renascimento, mas apenas se a diretoria agir com responsabilidade e visão de longo prazo.
*Artigo escrito por Victor Hugo Vassalo