As Sete Magníficas: Por quê as ações das big techs derreteram hoje?

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O dia nas bolsas americanas foi marcado por uma forte queda nas ações de grandes empresas de tecnologia, conhecidas como “As Sete Magníficas” — Apple, Amazon, Alphabet (Google), Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Essas empresas, que lideraram os ganhos dos índices nos últimos dois anos, enfrentaram um dia turbulento devido ao pessimismo em relação à economia dos EUA.

O clima de incerteza foi agravado pelas declarações do presidente Donald Trump e pelas ameaças tarifárias, que geraram temores de uma possível recessão.

Declarações de Trump e Impacto no Mercado

Em um discurso recente, Trump afirmou que a economia americana está passando por um “período de transição”, o que aumentou as preocupações dos investidores. Além disso, suas ameaças de impor novas tarifas comerciais contribuíram para o clima de instabilidade.

Como resultado, os principais índices das bolsas americanas registraram quedas significativas: o Nasdaq, composto principalmente por ações de tecnologia, recuou 4%, registrando seu pior dia desde 2022. O S&P 500, que também inclui diversas empresas de tecnologia, caiu 2,70%, enquanto o Dow Jones, índice das maiores empresas dos EUA, perdeu 2,08%.

O índice VIX, conhecido como “índice do medo” por medir a volatilidade do mercado, disparou 20,3%, refletindo o nervosismo dos investidores.

Queda Global e Destaque para a Tesla

O impacto negativo não se limitou aos EUA. O mau humor do mercado se espalhou globalmente, com quedas nas bolsas europeias e latino-americanas. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, recuou 0,41%. Entre as empresas mais afetadas, a Tesla se destacou, com suas ações caindo 15,43%, apagando todos os ganhos obtidos após a eleição de Trump.

A queda foi impulsionada por revisões nas estimativas de entregas de veículos feitas por analistas de Wall Street. O UBS Group AG e o analista Ben Kallo, da Baird, reduziram suas projeções para a Tesla, tanto para o primeiro trimestre quanto para o ano inteiro, aumentando a pressão sobre a empresa de Elon Musk.

Pressão Regulatória sobre a Alphabet

A Alphabet, controladora do Google, também enfrentou pressão após o Departamento de Justiça dos EUA anunciar um pacote de medidas antitruste. Entre as possíveis ações, está a exigência de que o Google venda o Chrome, seu popular navegador da web.

A expectativa de que o governo Trump pudesse adotar uma postura mais branda em relação a questões regulatórias não se concretizou, o que contribuiu para a queda das ações da empresa.

Relação de Trump com Wall Street

A relação entre Trump e Wall Street, que começou de forma positiva durante o chamado “Trump Trade” — período em que o mercado financeiro apostou na vitória do republicano e nos benefícios de suas políticas pró-crescimento —, parece estar se deteriorando.

Desde sua posse em 20 de janeiro, o Nasdaq, um dos índices mais beneficiados durante o primeiro mandato de Trump, já acumula uma queda de cerca de 11,6%. Analistas apontam que a administração atual não prioriza o controle do mercado no curto prazo, diferentemente do primeiro mandato.

Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, destacou que a postura do governo em relação a Wall Street mudou, com menos preocupação em manter o mercado estável.

Incertezas sobre Tarifas e Futuro Econômico

A política tarifária de Trump continua gerando incertezas. Desde antes de assumir o mandato, o presidente ameaça impor tarifas comerciais, o que tem sido visto com preocupação por investidores e analistas.

Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, afirmou que o conflito comercial iniciado por Trump não deve trazer benefícios para a economia americana ou global. Ele acredita que o presidente pode recuar, mas até agora não há sinais claros de mudança.

Eduardo Grübler, analista de multimercados da AMW, destacou que a política tarifária é menos popular do que Trump esperava, tanto entre o público quanto no mercado.

O mercado financeiro enfrenta um período de volatilidade, impulsionado por incertezas econômicas e políticas. As ações de tecnologia, que lideraram os ganhos recentes, estão agora sob pressão, refletindo o clima de cautela entre os investidores.

A relação entre Trump e Wall Street, outrora promissora, parece estar em um momento delicado, com o governo priorizando outras agendas em detrimento da estabilidade do mercado. Enquanto as incertezas sobre tarifas e políticas econômicas persistirem, os investidores devem permanecer atentos e preparados para novos movimentos bruscos no mercado.

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