A política fiscal do governo tem sido alvo de preocupação entre economistas, que apontam riscos para a sustentabilidade econômica do país. Apesar do crescimento acima do esperado em 2024, sinais de aquecimento excessivo da economia indicam a necessidade de ajustes para evitar impactos negativos a longo prazo.
Crescimento Acima do Esperado em 2024
O ano de 2024 registrou um desempenho positivo na economia brasileira, com um crescimento de 7,3% nos investimentos e 3,3% na indústria – os melhores resultados dos últimos três anos. Setores como construção, máquinas e tecnologia impulsionaram os investimentos, refletindo políticas voltadas para a reindustrialização e financiamento.
Empresários relataram forte demanda e expansão dos negócios. “Tivemos que triplicar nosso quadro de funcionários para atender à produção”, afirmou Platiní Vieira, chefe de produção de uma fábrica de papinhas. No entanto, esse ritmo acelerado levanta preocupações sobre o controle fiscal e a sustentabilidade do crescimento.
Inflação e Aumento das Importações Acendem o Alerta
O superaquecimento da economia trouxe desafios como a inflação acima da meta e um aumento expressivo das importações. Para conter os impactos, o Banco Central elevou os juros no final de 2024, buscando equilibrar a oferta e a demanda.
Segundo o economista Sérgio Vale, da MB Associados, a falta de sintonia entre a política monetária e a fiscal dificulta o controle da inflação. “Enquanto o Banco Central tenta conter a economia com juros mais altos, o governo aumenta os gastos, pressionando ainda mais a inflação”, explicou.
O Que Esperar da Economia em 2025?
Para 2025, economistas alertam que o cenário será mais desafiador. O crescimento do agronegócio deve ajudar a amortecer uma desaceleração econômica, mas fatores externos, como a situação dos Estados Unidos e tensões geopolíticas, podem afetar investimentos.
“O momento exige cautela. Se não ajustarmos os gastos agora, os impactos serão mais severos em 2026”, afirmou Caio Megale, economista-chefe da XP. Especialistas recomendam maior rigor no controle fiscal para evitar novos aumentos nos juros e garantir um crescimento mais equilibrado nos próximos anos.